As quatro vítimas que denunciaram o babalaô Domingos Forchezatto por assédio e violência sexual já foram ouvidas na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Campinas, que instaurou inquérito para apurar as denúncias. O diretor espiritual do Terreiro Pai Tajubim ainda não foi chamado. Na sexta-feira (22), a Associação Espiritual de Umbanda Pai Tajubim (AEPTU), da qual Domingos é babalaô, emitiu um comunicado, em que se diz solidária às vítimas e na expectativa de que a Justiça faça com que os direitos das mulheres sejam respeitados. O terreiro suspendeu os atendimentos ao público no último dia 18.
A advogada Helena Otoni de Souza, que representa duas das vítimas, afirmou que o inquérito segue ouvindo as vítimas e suas testemunhas, e que, na sequência, as testemunhas de Domingos e o próprio líder espiritual devem ser ouvidos. Domingos é representado pelo advogado José Pedro Said Junior.
“O inquérito corre em segredo de justiça, então, não podemos dar detalhes. Essa fase é mais demorada, porque são muitas pessoas a serem ouvidas, dos dois lados. Mas a delegada trabalha para agilizar o inquérito, que está andando rápido”, afirmou Helena.
O caso se desenrola há cerca de um mês, a partir das denúncias apresentadas por duas advogadas constituídas como representantes das quatro vítimas. Domingos foi afastado de suas funções em 29 de junho. As informações sobre as denúncias vieram a público no dia 14 deste mês e quatro dias depois, o Terreiro Pai Tajubim suspendeu os atendimentos ao público.
O site da AEPTU, que trazia detalhes sobre a casa, os atendimentos e informações sobre Domingos, líder religioso há três décadas, foi substituído pela imagem do comunicado
Semanalmente, cerca de 500 pessoas eram atendidas espiritualmente no terreiro, que possui perto de 300 médiuns.
A Associação Espiritual de Umbanda Pai Tajubim salienta no documento o apoio às vítimas e à elucidação do caso e afirma que “os fatos relatados pelas recentes notícias não refletem, em hipótese alguma, os princípios orientadores desta Casa Religiosa”.
O texto prossegue relatando que “a Direção confia na plena capacidade das instituições de conduzirem as investigações com competência e serenidade, de forma que os fatos sejam exaustivamente apurados sempre sob a luz do devido processo legal.”
Em outro trecho, descreve: “Seguimos juntos na defesa intransigente dos direitos das mulheres, manifestando irrestrito apoio a todas as vidas que tenham passado ou que estejam passando por situações de violência de qualquer natureza e repudiamos qualquer ato, de todos os setores da sociedade, que esteja em descompasso com a liberdade, a igualdade e a dignidade da pessoa humana.”
A direção da instituição que atua em Campinas há mais de 70 anos foi procurada pelo Hora Campinas para informar se há previsão de retorno das atividades, mas não retornou ao contato.