Tem muita coisa que me tira do sério. Aquelas que movimentam todas as minhas emoções, me reviram e mudam completamente a minha química corporal. Tem sempre aquelas pessoas que me tiram do sério. Aquelas situações que me tiram do sério. Aquelas notícias que me tiram do sério. Aquelas músicas que me tiram do sério. Comentários que me tiram do sério. Mensagens que me tiram do sério. Você também passa por isso?
Você, provavelmente está pensando naquelas situações que chamamos de ruins quando vivenciamos. A minha provocação/reflexão é mudar um pouco essa visão neste texto.
Afinal, as coisas que nos tiram do sério não poderiam ser as coisas que, por exemplo, nos fazem rir? Nos deixam mais leves? Nos fazem desfranzir a testa?
Eu sou um apaixonado por sorrir e gerar sorrisos porque isso, de fato, me tira do sério. Especialmente daquele sério que, culturalmente, aprendemos que precisamos ser quando vamos nos “adultizando”. É como se, dentre os ingredientes que vão na receita para ser um adulto responsável precisássemos de uma dose dupla de seriedade com tudo.
Esses tempos me peguei me desconectando dessa minha alegria. Achava que não era uma boa, depois que deixei de ser um adolescente, ser visto como essa tal alegria que sempre me descreviam, em especial no ambiente profissional.
Como contexto, atualmente, trabalho com desenvolvimento humano e organizacional diretamente com executivos do Brasil inteiro. Na minha mente vinha: “Poxa, alguém que fala sobre empresas, negócios, desenvolvimento de pessoas e equipes, como gerar resultados, neuroliderança e afins precisa ser uma pessoa séria!”. Fiquei meses pensando assim e tentando agir assim.
O resultado? Me apaguei! Não era eu. Era um personagem forçado. Achava que imitando algumas pessoas que admiro e que, têm um jeito mais sério de agir eu me tornaria tão bom profissional quanto elas. Amarga ilusão.
Percebi que, entre os efeitos dessa tentativa de um novo jeito, as conversas não tinham profundidade, não tinha conexão de verdade. Era como se eu tivesse com uma máscara que não levava o Jonas inteiro para a conversa. Foi como se eu tivesse tirado a minha essência e a deixado de lado.
Fui me dando conta que a seriedade não tem nada a ver com, por exemplo, um profissionalismo e maturidade. Tem gente que é séria e gente que é mais alegre. Ambas podem ser boas ou más profissionais, pessoas, companheiros(as) e amigos. Eu só precisava utilizar esse meu jeito como impulsionador dos meus fazeres. E retomei. E ficou bem mais leve…
Tem uma música do Emicida, em seu álbum Amarelo que se chama Principia. Uma das frases da música diz: “O sorriso ainda é a única língua que todos entendem”. E é essa língua que eu quero falar, independentemente do ambiente em que eu estiver.
Penso que ser a pessoa que tira alguém do sério e/ou que se permite ser tirado do sério é um dos caminhos que contribuem para um mundo melhor de se conviver. Gente fora do sério não briga, não polariza, não agride. Fora do sério há mais espaço para ouvir, trocar, concordar em discordar e até rir de tudo isso.
Não quer dizer que agora é tudo na brincadeira. Não! É lidar com os problemas e suas complexidades buscando uma maior leveza nas interações. Com mais amorosidade e ouvido atento. Com menos certezas e mais ambientes que potencializem a vida, o aprendizado e um sorriso entre análises e constatações.
Conecte-se com as coisas que te tiram do sério neste novo olhar. As de agora ou as que você lembra como algo de antigamente e por qualquer motivo sério pode ter se perdido.
Faça o que tiver vontade, com quem tiver vontade, do jeito que tiver vontade. Ainda é a idade, ainda é o tempo, ainda é hora!
Jonas Santos, de 28 anos, mora em Campinas desde os 7 anos e acredita que por meio da educação pode melhorar o mundo dele e dos outros