A imagem desenhada pelos 249 anos de Campinas é formada atualmente por 1,138 milhão de pixels. Professores, médicos, engenheiros, atendentes, enfermeiros, garis, servidores públicos, advogados e mais uma infinidade de trabalhadores – alguns discretos e outros notórios – compõem igualmente o desenho de uma cidade palpitante, vanguardista, com vocação à educação e aberta a novos artífices.
O Hora Campinas traz a seus leitores narrativas de uma história em curso. Tenta mostrar como cada cidadão campineiro é importante na composição do quadro que faz da cidade o que ela é: uma resenha do Brasil.
A secretária de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas da Prefeitura de Campinas, Eliane Jocelaine Pereira, é dona de um simbolismo que é o centro do debate mundial. A primeira mulher negra a assumir o comando de uma Pasta no município deveria, sim, ser uma de muitas. Igualmente perturbadores, racismo e machismo são temáticas com as quais infelizmente a política e a sociedade ainda dialogam. E, pior, seguem em busca de soluções que sugerem ainda estar distantes.
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Magda Raimundo fez do esporte um instrumento de transformação social. Os seus 37 anos de trabalho como professora das praças públicas de Campinas foram uma extensão daquilo que a vida lhe deu, o talento para jogar basquete. Filha de militar, fez da cidade sua moradia e transferiu às crianças que ensinou uma parcela do que a modalidade pôde proporcionar ao longo de décadas vividas dentro da quadra – seja jogando ou ensinando.
Enquanto Magda aproveita os primeiros dias de aposentadoria – o que não significa desprendimento do trabalho –, o monsenhor Fernando de Godoy Moreira, aos 90 anos, se apega ao lema de que “o principal é servir bem a todos”. A agenda quase sempre cheia mostra que a vida não é breve para quem escolhe o caminho da devoção ao que mais gosta de fazer.
Servir é a tarefa que alimenta a alma do monsenhor. “Nunca disse não aos mais humildes”, assegura.
Cercado por livros, Lauro Péricles Gonçalves vive em um apartamento no Cambuí sem os holofotes que já refletiram a ousadia de um prefeito. Do legado edificado por ele constam obras como o equipamento urbano ao qual a cidade deu seu nome. O “Laurão” nasceu como Viaduto São Paulo, e a Aquidabã, outra obra de sua gestão, como Via Expressa Waldemar Paschoal. Já o ex-prefeito nasceu na cidade Monte Santo e nunca foi mineiro. Ainda jovem se identificou como campineiro. Lauro Péricles Gonçalves representa a Campinas palpitante dos anos 1970.
Assim como o ex-prefeito de Campinas, Antônio de Pádua Báfero é campineiro por adoção. Membro da Academia Campinense de Letras (ACL), Pádua construiu em diferentes vertentes laços com a cidade que o recebeu. Foi técnico de vôlei do Guarani e de seleções; por mais de 30 anos lecionou na Faculdade de Educação Física da Unicamp; atuou como secretário e diretor de esportes do município e escreveu livros. Como também deve ter plantado árvores no haras que possui em Socorro, cidade onde nasceu, lhe é concedido o direito de vida plena, agora narrada pelo Hora Campinas.
É nos bastidores que vive Izalene Tiene, atualmente a Iza dos amigos e familiares que a cercam. A primeira e única mulher de Campinas a se tornar prefeita encarou bem mais do que empecilhos burocráticos e entraves políticos enquanto liderou Campinas. Teve a companhia do preconceito e governou à sombra de um dos mais trágicos – e até hoje inexplicável – acontecimentos da cidade, a morte do prefeito Antonio da Costa Santos.
Izalene se apegou à discrição para continuar ativa nas ações sociais.
A viagem do Hora Campinas até os personagens da Campinas de 249 anos visitou também personagens do mundo artístico. As andorinhas, símbolos da Metrópole, são aves migratórias que sempre voltam ao lugar onde fizeram o primeiro ninho. A regra não se aplica aos muitos campineiros que, daqui, lançaram-se Brasil afora. Ana Braga é uma delas.
O sobrenome é referencial de talento. Irmã de Sônia Braga e mãe de Alice Braga, foi a única da família registrada em Campinas. Hoje mora na capital paulista, após uma carreira peculiar, que a levou aos backstages da cena artística.
Aos 63 anos, o músico Gilvan Gomes encontrou no Distrito de Barão Geraldo, em Campinas, a calma que buscava. Nos anos 1980, ele integrou a precursora banda Gang 90, criada pelo célebre cantor e compositor Júlio Barroso. Gilvan tocava nos lugares mais badalados da capital paulista como guitarrista do grupo. “Perdidos na Selva” foi o cartão de visitas que se tornou hit instantâneo. Antes mesmo de completar 10 anos de existência, a Gang 90 chegou ao fim.
E a imagem da Campinas de 249 anos é colorida diariamente por uma infinidade de outros atores que por aqui passam ou que aqui viraram história. Jaqueline Brito Lacerda está entre os moradores que se sentiram acolhidos na Metrópole, seja pela diversidade ou pelas histórias embrenhadas em cada cantinho que se conhece.
E há muitas paradas para os preâmbulos campineiros. A Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), por exemplo, é a porta de entrada para a carreira militar verde-oliva, como lembra o Major Matheus. Segundo ele, a significância da Escola representa também um laço com Campinas formado pelos mais de 400 jovens que passam pelos portões da instituição anualmente.
E quantos já não foram os campineiros a se sentar na cadeira de Luiz da Conceição no Salão Internacional? O tamanho da resenha guardada pelo lugar quase não passa pela pequena porta na fachada da Estação Cultura, mas assim é a Metrópole: em cada lugarzinho cabe mais história do que se imagina.
O portal seguirá contando histórias. Foi asssim desde que o Hora nasceu, em março de 2021. O especial Gente da Hora, que brinda Campinas com seus rostos e depoimentos nesta data de 249 anos, quer mostrar que a cidade é um mosaico redivivo, pulsante e em constante transformação. A Campinas que se sustenta nestes personagens se orgulha de seus filhos e filhas, sejam eles campineiros da gema ou aqueles que fizeram daqui o seu lugar.