Na semana passada visitei o Bazar Sobrapar, que ficou fechado por 45 dias em 2021 por conta do agravamento da pandemia do coronavírus, e em meados de abril voltou a funcionar seguindo todos os protocolos sanitários. O espaço idealizado em 1995 pelo médico e fundador do hospital Sobrapar, Cassio Menezes Raposo do Amaral (1943 — 2005), é uma importante fonte de receita para ajudar a manter o Hospital Sobrapar funcionando.
Confesso que nunca estive antes no Bazar Sobrapar, e passear em cada um dos quatro galpões foi uma grata surpresa. Em 2018, eu ganhei de presente do meu marido uma máquina de escrever (ou de datilografia) comprada lá. Em casa, essa peça ganhou um cantinho especial e vida nova, afinal, era um antigo desejo meu, pois aos 13 anos fiz o curso de datilografia e meus primeiros textos da faculdade de jornalismo nasceram em uma máquina de escrever.
Mesmo vivendo no mundo digital e gostando das possibilidades de aproximação com o outro que a tecnologia proporciona, tenho um carinho especial pelas teclas e fitas de rolo preta e vermelha da máquina de escrever, pois delas nasceram muitos sonhos que hoje se tornaram reais.
No primeiro galpão em que entrei me deparei com uma imensidão de coisas. Nem saberia listar tudo que vi, mas já a primeira vista havia vestidos de noiva, de festas, roupas do dia a dia, sapatos, aparelhos de som, secador de cabelos, relógios, colares, brincos, caixinhas de música, bibelôs, brinquedos, carrinhos de bebês.
Tem bastante coisas esperando para habitar outras casas e ajudar a construir outras histórias.
Quem é fã de discos de vinil e CDs antigos vai se deparar com um corredor repleto de exemplares bem variados. Por lá vi Led Zeppelin, Madonna, Beatles, Milton Nascimento, Roberto Carlos, Djavan, Menudo, Turma do Balão Mágico, Patotinhas, temas de novelas e outros. Na seção de livros, revistas e apostilas é possível escolher por assunto: livros didáticos, gastronomia, poesia, ficção, arrisco dizer que há opção para quase todos os gostos.
Para quem vai prestar vestibular, notei alguns exemplares de livros que estão na lista de leitura obrigatória. Acabei trazendo para casa três livros: um de poemas de Carlos Drummond de Andrade, um de receitas de comidas saudáveis para crianças, com o qual vou presentear uma amiga grávida, e um de aventuras para o meu menino, no total, gastei R$ 9,00 na compra.
Uma das partes mais visitadas do Bazar Sobrapar é, sem dúvidas, a de móveis restaurados. O local conta com verdadeiras preciosidades. Por lá encontrei exemplares de penteadeiras que me transportaram para a casa da minha avó, mesas de todos os tamanhos e tipos, jogos de cadeiras completos ou peças únicas, escrivaninhas, estantes, sofás, mancebos, quadros etc.
Uma dica é visitar lá com tempo, para poder apreciar as peças. Conforme eu andava pelos corredores dos quatro galpões do Bazar Sobrapar fui me dando conta do quanto algo que não serve mais para a gente pode ser muito útil para outra pessoa. Saí da visita ao Bazar Sobrapar pensando o quanto esse trabalho ajuda na construção de um mundo mais sustentável, o quando contribui com o meio ambiente e evita descartes desnecessários.
Sem falar que, para os doadores, é um jeito de trabalhar de forma bonita o desapego, evitando o acúmulo de algo que não nos serve mais.
Para quem não conhece, recomendo a visita, pois, no mínimo será um reencontro com parte da sua memória afetiva.
Vale aqui lembrar que todos os objetos vendidos ou doados para o Bazar Sobrapar se transformam em importante fonte de receita para o Hospital.
O local funciona de segunda a sexta-feira das 8h às 16h45 e, aos finais de semana, das 8h30 às 11h45. O endereço é na Avenida Adolfo Lutz, 324- 426, Cidade Universitária (em frente ao Caism/Unicamp). O telefone é o 19-328944-65.
Kátia Camargo acredita que alguns objetos ajudam a eternizar histórias, por isso cuida com carinho da máquina de escrever que veio do Bazar Sobrapar.