Você já parou para pensar o quanto atividades artísticas e culturais que incentivam a formação de leitores podem contribuir para estimular crianças em fase de alfabetização? Recentemente conheci um projeto inspirador chamado Ler para Imaginar que conta com o apoio do ProAC e acontece desde março, no Projeto Gente Nova (Progen), no bairro Cidade Satélite Íris. O Ler para Imaginar tem espaço dedicado as crianças e também aos adultos.
“Sabemos que a pandemia gerou ainda mais desafios na área de educação e temos que nos valer de todos os recursos para tentar reverter esse cenário, que afetou a todos e, em especial, as crianças em fase de alfabetização. A arte e a cultura promovem o desenvolvimento emocional, cognitivo e social, então, podem colaborar com uma nova realidade em todos os âmbitos, inclusive nas escolas”, explica a pedagoga, atriz e arte-educadora Elaine Vilela.
O cenário a que se refere a pedagoga foi confirmado pelo Ministério da Educação (MEC) no último dia 16 de setembro, quando divulgou dados alarmantes do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
Por conta da pandemia, as crianças em fase de alfabetização tiveram a maior queda de aprendizagem entre todas as séries avaliadas em 2021. Aos 8 anos, as crianças já deveriam estar sabendo ler e escrever, mas muitas não conseguem ainda localizar uma informação explícita no final de um texto curto, de duas linhas.
Para se ter uma ideia, dobrou ainda a porcentagem de alunos que estão nos níveis mais baixos de desempenho em leitura e escrita. Passou de 15% da avaliação anterior do Saeb para 34%. Esse grupo inclui desde crianças que sequer conseguiram responder à prova e outras que não são capazes de relacionar o som de uma consoante ao seu formato escrito.
Em busca de caminhos
O Ler para Imaginar é um exemplo de como elementos lúdicos ajudam nesse processo de formação, ampliando repertório e a capacidade cognitiva infantil. O projeto conta com oficinas de teatro e contação de histórias, roda de leitura com oficina de desenho e confecção de livro artesanal, além de atuar com recursos de telejornalismo e audiovisual.
“O Ler para Imaginar tem buscado estimular o gosto pela leitura de forma lúdica, contribuindo para a formação de novos leitores e, após dois anos de pandemia, auxiliar até mesmo no processo de formação das crianças, ampliando o repertório e o poder de comunicação”, coloca a produtora cultural e gestora do projeto, Viviane Pacheco.
Biblioterapia estimula a leitura de adultos
Outra ação fundamental para concretizar os objetivos do projeto é a oferta de encontros quinzenais de biblioterapia aos familiares e responsáveis dos alunos.
“A biblioterapia é uma vivência terapêutica do cuidado por meio dos livros. É quando o ato de ler se apresenta como possibilidade de autoconhecimento, fortalecimento e ampliação do universo. Tratamos de assuntos do nosso dia a dia, medos, angústias e sonhos por meio da leitura”, explica a biblioterapeuta Dioneia Tozzi, que conduz as atividades.
Caso você conheça outros projetos inspiradores de leitura e escrita mande a sugestão para o email [email protected].
Kátia Camargo é jornalista e ao conhecer o projeto lembrou do filme A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata, disponível na Netflix, que mostra como o encontro com a leitura podem se reconectar com a beleza do mundo, assim como ocorre no projeto Ler para Imaginar.