“Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais…” Já ouviu essa belíssima música ou ao menos conhece esse trecho? Pois bem, você já se pegou engolindo o choro, a tristeza dentre tantas outras emoções negativas advindas de experiências nada alegradoras? Quem nunca evitou chorar para não mostrar uma suposta fragilidade que atire a primeira pedra! A vida é feita de suas dualidades, calor e frio, noite e dia, doce e salgado, alegria e tristeza.
Nós só conhecemos o que é estar feliz por experimentarmos as delicadezas da tristeza. Arrisco dizer que ambos os sentimentos são atemporais, ou seja; estão muito além do tempo kronos, o tempo do relógio.
Quando se está feliz o tempo voa, é como se quiséssemos congelar o momento de tão satisfatório e prazeroso que ele está sendo, congelar para perdurar, para não mais viver sem ele, mas o duro é que o oposto também nos espera na esquina.
E quando experimentamos da tristeza ela também transcende o tempo, ao vivenciarmos situações onde ela é a protagonista é como se quiséssemos que o tempo voasse e levasse junto consigo para longe tudo aquilo que nos deixa mal, entristecidos, abalados, no fundo do poço, mas parece que ao contrário da alegria, a tristeza teima em não ir embora.
O sorriso belo e espontâneo, sorriso sincero e contagiante é resultado de uma abertura de si para com os fatos da vida, uma abertura para conhecer e principalmente: se conhecer!
Conhecer a si é conhecer também seus limites, suas fraquezas, suas mazelas, seus pontos fracos e quando você se conhece e os conhece fica mais fácil de administrar todas essas emoções que citei anteriormente dentre tantas outras que nos levam para baixo. Já fui daquele perfil de pessoa que queria passar um ar de grandeza, de alguém forte emocionalmente, racional, frio, maduro, beirando a insensibilidade, mas as consequências não foram nada boas.
Usar uma máscara como essa só dificulta as coisas, só torna mais difícil a gestão das emoções e faz com que haja uma dupla identidade: a primeira onde se está sempre bem, feliz, sorrindo, principalmente em redes sociais, buscando amparo em futilidades como compras, festas, bebidas.
A segunda identidade está nos bastidores, dentre quatro paredes onde ninguém acessa, onde o choro teima em sair, pede para vazar, esperneia para ser ouvido e sentido de fato sem ser menosprezado ou deixado de lado.
Quantas vezes você guardou suas tristezas? O ponto aqui não é encontrar culpados pelo seu estado emocional, mas sim focar em você, você enquanto protagonista da sua vida, gerenciando-a da melhor maneira possível e sempre tendo em mente que você não é um robô, mas sim um ser humano, que sorri e que chora. Penso que guardar o choro não seja uma estratégia inteligente, penso que chorar faz bem, irriga a alma, nos deixa mais leves, mais vulneráveis é verdade, mas faz-se necessário baixar a guarda vez ou outra, a armadura da felicidade pesa, cansa, desgasta…
Permita-se se acolher, não espere nada dos outros, e não leve para si críticas inférteis, afinal ninguém paga suas contas.
Permita-se ser humano, sorrir, chorar, acertar, errar, vencer, perder, não entre nessa dança das cadeiras que a mídia impõe massacrando quem erra. Você pode sim criar seu espaço sendo de verdade. Há momentos em que a própria vida lhe mostra a necessidade de chorar, de jogar para fora os seus excessos, de não ter medo da tristeza. À medida que você se permitir sentir a tristeza, se permitir chorar, verás que o sorriso sincero estará lhe esperando na esquina pronto para lhe acolher. Um grande abraço de você para com você!
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL)