Viagem no tempo existe, e eu percebi isso depois de passar uma tarde inteira vendo um carrossel de retratos de quando eu era pequena. Foi uma longa viagem no tempo, e percebi que nessa viagem não tenho o poder de mudar o que aconteceu, mas tenho o poder de ir e voltar quando quiser.
Ela acontece sempre, mas principalmente quando estamos em uma festa com pessoas próximas e alguém fala: “Lembra quando fulano era pequeno… daquele churrasco no Natal… o dia da praia, que fomos à feirinha à noite…” e depois todo mundo começa a relembrar o passado e a viver aquele momento que já passou como se fosse o presente. Realmente, é uma viagem no tempo!
A viagem no tempo nos leva a lugares distantes, e às vezes nem imaginamos que poderíamos voltar lá algum dia. Veja só, sem precisar de muito, você já foi e já voltou. E essa sensação de voltar “pra casa”, de voltar ao “passado”, é superimportante.
Nós não podemos esquecer nossas raízes, não podemos abandonar nossas origens. É muito importante mudarmos, mas também é essencial honrarmos o nosso caminho. Foi no nosso passado que aprendemos muitos dos nossos sentimentos e sensações, e foi no passado que tudo começou.
Vocês com certeza já ouviram falar da Majori Silva, ela é uma figura inspiradora! Se não, este é o momento perfeito para conhecê-la. Dentre vários projetos já desenvolvidos por ela, me atrevo a dizer que o mais conhecido é a criação da biblioteca comunitária “Lugar de Fala”, na comunidade Chico Amaral de Campinas, que se tornou um espaço de troca de saberes e acolhimento. Majori se tornou um exemplo para muitos jovens, e se não for o seu, está na hora de conhecer.
Junto com as colunistas do Retrato das Juventudes, tivemos a oportunidade de aprender com ela sobre um pássaro cuja origem é africana, chamado Sankofa. Ela nos contou que, na África, quando não conseguem se expressar por falas, desenvolvem símbolos e desenhos que representam uma ideia, assim fica mais fácil compreender aquilo que alguém quer dizer. O nome Sankofa vem dos povos de língua Akan, da África Ocidental, Togo e Costa do Marfim, sendo san (voltar, retornar), ko (ir) e fa (olhar, buscar e pegar).
O símbolo significa que “nunca é tarde para voltar e pegar aquilo que ficou para trás” ou, com outra explicação, mas com a mesma ideia: “retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro”.
A história do pássaro Sankofa que ela compartilhou é muito significativa, e a ideia de “retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro” é poderosa e pode ser aplicada em muitos aspectos de nossas vidas. Fazer essa viagem no tempo pode nos ajudar a lembrar de nossos sonhos e aspirações de infância e usar essas lembranças para moldar nosso futuro.
Faça um teste rapidinho: agora, dê uma pausa nesta leitura, feche os olhos, respire lentamente e se permita fazer essa viagem no tempo. Vamos olhar para trás e nos recordar de quando queríamos ser médicos, psicólogos, motoristas, merendeiras, jogadores, veterinários, professores, jardineiros. Tudo isso no passado para construir o meu, o seu, de forma geral, o nosso futuro.
O tempo não volta, mas a viagem no tempo existe. E ela é essencial para mudar o nosso futuro.
Visite suas memórias; lá você pode encontrar forças e inspirações para construir um amanhã melhor, honrando suas raízes e aprendendo com as experiências passadas.
Viagem no tempo existe!!!
Bruna Beatriz Marques, 22 anos, é de Campinas. Atualmente trabalha como barista, mas pretende seguir a carreira de jornalista, mas está aberta para outros caminhos. A jovem fez Academia Educar presencialmente e se pudesse mudar algo no mundo começaria por criar oportunidades iguais.