Estamos cansados. Esgotados. Sem paciência. Sem vontade. Pare e olhe ao seu redor. Chegamos ao final do dia, da semana, do mês ou do ano aos trancos e barrancos.
Vivemos em uma época que a comunicação generalizada e a superinformação ameaçam todas as nossas forças. Vivemos como animais selvagens. Obrigados a dividir a atenção em diversas atividades. Não nos damos mais ao luxo de apenas observar.
Nossa concentração é dispersa. Muda rápido de foco entre as diversas atividades e fontes de informação. Com isso, a tolerância ao tédio se torna mínima em todos os aspectos da mera existência humana.
Vivemos numa scroll infinito nesta rede social chamada vida.
Não é por menos que de acordo com uma pesquisa realizada pela agência de marketing digital Sortlist, em diversos países, se chegou à conclusão que gastamos em média 145 minutos por dia nas mídias sociais. Ou seja, ao longo de um ano, somamos mais de um mês percorrendo e consumindo conteúdo dos mais diversos tipos.
Quando o assunto é o uso da internet, o tempo gasto se avoluma. Atrás apenas das Filipinas, com incríveis 10 horas e 56 minutos por dia on-line – ou se preferir, 166 dias por ano – o Brasil ocupa o segundo lugar desta lista como um dos países que mais tempo passa on-line no mundo.
Aqui na terrinha, em média, uma pessoa gasta 10 horas e 8 minutos por dia navegando na internê. Nada menos que 154 dias por ano. Nas redes sociais, também não brincamos em serviço, jogamos fora 3 horas e 42 minutos por dia ou 56 dias por ano vendo, em grande parte do tempo, lixo disfarçado de conteúdo.
Tem de tudo. Receita para ficar milionário sem trabalhar. Bots e hacks que prometem uma vida abundante sem precisar fazer nada. Coaching de vida, coaching amoroso, coaching de tudo. Jogos de azar disfarçado de game. Técnicas para ganhar seguidores e virar referência no mercado de atuação. E mais. Muito mais. Sem contar a turma da dancinha, que passa o dia fazendo passinho e apontando o dedinho para um monte de baboseira.
Acredito, sem restrições, no poder da internet como fonte de informação. Facilitadora de conexões. Mas é mandatório e urgente passarmos, de vez quando, por um processo de desintoxicação digital.
Dar um tempo deste mundo hiperconectado pode ser extremamente benéfico e existe várias formas de se fazer isso, como por exemplo: excluir aplicativos de mídia social, mantendo o acesso apenas pelo computador; remover notificações; definir um tempo livre do telefone para se dedicar à vida off-line.
Enfim, se você chegou até o fim deste texto, é bem provável que se identificou com o que leu. Muito obrigado. Outros, talvez a maioria, nem leram – afinal, estão sempre atrás de algo mais. Mais legal, mais divertido, mais moderno, mais atual.
Lembra do animal selvagem do começo deste artigo?
Flávio Benetti é professor, palestrante, publicitário e especialista em Comunicação interna e endomarketing. Considera-se um cara apaixonado pela vida, curioso por natureza, fã de tecnologia, design e fotografia